quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Presidente da Câmara de Sines desvincula-se do PCP

O presidente da Câmara Municipal de Sines, Manuel Coelho, eleito pela CDU, anunciou hoje a sua desvinculação do PCP, alegando "recriminações e acusações" do partido. O autarca comunicou em conferência de imprensa as razões da sua desvinculação do PCP.

"Tomei a decisão de me desvincular do PCP, no qual militava há mais de 35 anos", Manuel Coelho, que está a cumprir o terceiro mandato à frente da câmara de Sines, disse ter comunicado pessoalmente a "três elementos dirigentes" do PCP, a sua decisão de se desvincular do partido. "Esta decisão foi transmitida pessoalmente, sábado, após uma discussão semelhante a outras (ocorridas anteriormente) e que levou, inevitavelmente, a esta decisão", afirmou. O autarca alega que, em reuniões partidárias, era alvo de "recriminações" e "acusações", as quais considera "absurdas, idiotas, insuportáveis e não mais toleráveis". Como exemplo, Manuel Coelho disse ter sido questionado sobre os motivos pelos quais tem comparecido nos "actos de cerimónia do senhor primeiro-ministro" ou sobre "o que disse, ou quis dizer, em entrevistas sobre o interesse dos investimentos em Sines". "Porquê o convite ao Presidente da República para os actos inaugurais do castelo ou porquê demitir determinados quadros superiores da câmara" foram outras das questões que, disse, têm sido suscitadas dentro do partido "ao longo dos últimos três anos", à sua gestão. Estes factos levaram-no a "uma análise dos fundamentos ideológicos, da estrutura, dos programas e das práticas políticas do PCP", com uma conclusão que motivou a desvinculação. "Concluo que este partido está impregnado de um conjunto de características típicas de organizações dogmáticas, com disciplina de caserna, que o tornam uma organização estalinizada, com práticas reaccionárias, envolvidas de um discurso pretensamente progressista, mas, de facto, retrógrado", acusou. O autarca ironizou, afirmando ainda ter esperado, "pacientemente", por uma "renovação" no partido, mas, entretanto, ter deixado de "acreditar em milagres" e aludindo também à "ameaça constante de sanções" dentro do PCP. Manuel Coelho garantiu que, não obstante a sua desvinculação partidária, vai continuar à frente da câmara municipal até ao final do mandato, mas escusou-se a revelar se, nas eleições autárquicas deste ano, irá voltar a candidatar-se ao município. O encontro com os jornalistas serviu ainda para o autarca anunciar que, com efeitos a partir de hoje, retirou os pelouros atribuídos ao vice-presidente Albino Roque, um dos quatro vereadores da CDU. O bom funcionamento da câmara depende do "trabalho de equipa, lealdade e capacidade para distinguir interesses partidários e locais", afirmou Manuel Coelho.O próprio presidente vai agora encarregar-se do serviço de empreitadas, passando a tutela dos restantes pelouros que estavam sob responsabilidade de Albino Roque para a vereadora Cármen Francisco, enquanto Marisa Santos é a nova vice-presidente.
Fonte: Lusa

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